Conheça mulheres amapaenses que sobrevoam a crise com criatividade e inovação.
Por Cláudio Reis
Nominalmente, entende-se por empreendedorismo feminino os negócios concebidos, chefiados ou gerenciados por mulheres, mas este é um tema que engloba tópicos ainda maiores que meramente a quantidade de mulheres que participam de uma empresa; envolve discussões sobre participação social igualitária, igualdade de oportunidades e de remuneração. Estes são inclusive alguns dos vetores de mudanças no mercado de trabalho para mulheres, aumenta a quantidade delas que empreendem em busca de realização, não somente como complemento para a renda familiar.
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Huana Corrêa, criadora da marca de calçados GRAVIOLA |
Este é o caso da designer amapaense Huana Corrêa, que sempre apostou no empreendedorismo e hoje está à frente da Graviola, sua marca de sandálias. A empresa nasceu da perceptível necessidade, segundo ela, por produtos de boa qualidade, adequados ao clima da região, por um preço justo e que carreguem a identidade visual amapaense. “Eu sempre trilhei a via o empreendedorismo, desde garota, quando criava minhas próprias bijuterias, até quando comecei minha marca de bolsas em Curitiba, ainda durante a faculdade de Design de Moda”, conta.
Huana relata ainda algumas das peculiaridades do Amapá que dificultam a geração de novos negócios. "Quando abrimos a Graviola, a ideia é que fosse e-commerce, que é uma tendência crescente a nível mundial, mas os custos de distribuição até para localidades próximas, como Manaus e Belém, seria muito altos, e encareceria demais nossos produtos. Não é esta a ideia".
Para a empresária, ainda que o empreendedorismo esteja nas veias do brasileiro e seja a principal mola propulsora da economia do país, o Amapá ainda não acordou para as demandas do mercado.
"Queríamos um produto 100 % amapaense, não foi possível porque não há produção de matéria-prima local. O mercado ainda é pouco desenvolvido mas, se há dificuldades por um lado, por outro ainda há muitas oportunidades a serem exploradas e necessidades para sanar aqui. O potencial de crescimento da região é gigantesco", finaliza.
Ainda falando de design, o destaque vai para os cadernos artesanais produzidos pela jornalista, artesã e mais uma centena de coisas, Camila Karina Ferreira. Suas produções trazem toda a iconografia amapaense, há ainda coleções de arte abstrata e colagens de grandes personalidades da cultura, como Clarice Lispector, Nina Simone e Virgínia Woolf.
Camila Karina, jornalista, fotógrafa e artesã. |
"Comecei a empreender intuitivamente, pois não consigo ficar parada por muito tempo. Desde fotografia, fanzine, revista, brechó, assessoria e encadernação. E o que estiver pela frente, também topo". Conta Camila.
Huana e Camila representam segmentos muito comuns entre mulheres, que costumam ter negócios nas áreas da beleza, da moda e da alimentação principalmente, de acordo com dados do Sebrae.
Se os setores de comércio e serviços costumam ser os mais flexíveis, e por isso, com maiores chances de longevidade no mercado, Camila também comenta que hoje o trabalho dos artesãos voltou a ser valorizado, e completou "procurei estudar e fazer cursos. Quando acontecem convites em feiras e tem parceria do Sebrae, sempre acontecem consultorias essenciais".
Mas nem tudo são flores quando se fala em empreendedorismo feminino, aí o principal foco de discussão: ampliou-se a participação feminina no mercado de trabalho, também houve melhora na sua inserção em cargos de liderança e é maior a quantidade de mulheres com novas empresas; ao mesmo tempo, há também o aumento da jornada de trabalho, que chega a ser dupla e até tripla - estas mulheres são mães, líderes do núcleo familiar. Quase 30 milhões de famílias são hoje chefiadas por mulheres no Brasil e o empreendedorismo por necessidade ainda é o de maior ocorrência.
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